quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Meu Nome

Sempre tive, digo agora, medo
De me apresentar,
Dizer o meu nome,
A minha idade,
O que fiz ou o que faço,
Pois eu não sou eu senão o conjunto de coisas
Que me contém,
O meu nome é uma ficção invisível
Como oculta nos olhos de quem me olha,
Sempre tive medo de mim,
Há uma força ou energia que não decifro
Quando não sei responder o que sou,
Tantos sonhos, tão idiota fui,
Tantos braços a erguer-me na vitória
De me saber assim excluído de ser quem sou,
Não sou um nem o que escrevo está correto,
Pois poderia ser outras palavras,
Poderia ser personagem, cartoon,
A história de um príncipe sem trono,
Um louco sem esperança
Que grita convalescença,
Onde me leva o meu eu
Senão no colo adormecido
De alguém que me lembra,
Talvez esqueça,
Talvez eu vá acordar o sonho
E adeus a todos é apenas
O que desejo dizer na ambiguidade
De sociedade que sei que respira,
Que me abraça no eco de um lamento,
A emoção é a minha cruz de me saber
Vivo e presente
Em todos os que não me esquecem
E eu não esqueço ninguém,
Guardo todo o bem e também mal
E tento ser melhor que ontem
E o futuro repousa em meu nome
Tão meu como tão gasto
Na impaciência de o saber de alguém
Que o encontrar por acaso
Num atalho de vida,
Numa memória, num vão de escada
Ou na face de uma criança,
Guardem o momento,
O significado e o sinónimo
E noite e história ou desejo,
Murmúrio ou choro
Tal como eu faço todos os dias.

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