quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Adeus

Sim, é hora de me afastar,
De ir embora como animal escorraçado,
Que pressente perigo,
Fugir, porque não?
Se tanto já me rejeitaram,
Se tanto que já me habituei,
É apenas nova madrugada, dia, noite.
É tanto escuro, 
Tantas cinzas em vogais de desespero,
Letras em uníssono dizem adeus,
Não me despeço, para quê, 
Já me fere o mórbido sentir,
Se passado é o que vejo em memória doente,
O momento é triste,
Mera decoração de mentira.
E o sentimento, o verso, o entardecer.
Vou-me embora como o vento gelado da manhã
Que corta o amor, o desejo, o controlo,
O justo, o injusto, tudo se funde
E conservo-me no saber,
No que sei e sinto
Que um dia talvez sinta o valor de ser o que sou,
É talvez Deus que fala comigo em desmaio de luz,
Desilusão de realidade que recebo em sonho,
Adeus.

Sem comentários: