quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Longe

Saudade que não me conduz a nada,
Só o mimetismo de presença física
Em pensamento que me rodeia,
Mágico assombro,
São chamas de tenebrosa maldade
Que incendeia o vão conhecimento, a experiência, o medo atroz...
Não quero o sonho, não,
Por favor tirai de mim o feitiço
De repetição de vício
De me procurar em multidão de almas
Que dormem em meu olhar.
E não encontro o prazer,
Só a dor arrastando o seu riso,
Transfiguração, música, cinema,
Loucura que veste a nudez de símbolos,
Estranha glória de perder o que ganho,
Gesto do absoluto em pecado cinzento
Como aura a pairar em ondas de estilo,
O meu fado é lúgubre
E é sempre o mesmo aceno ao absurdo,
Ao fascínio, ao mistério
De buscar a alma em ser que desconheço,
Não aconteço, desespero,
Saudade que é ilusão,
Deus diz-me qual o caminho a trilhar
Que o perto perdi,
Só o longe persiste em ficar.

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