quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Não Sou Eu

Sem nada como luz ou movimento de arrastar a memória,
Se olharem nos meus olhos sei que não há risos nem choros,
Não há lágrimas, não há adeus ou amor,
Existe a vastidão de desejo de dormir calmo e distante,
A pedra de veludo rodeando a sala,
Há um desaire de desabafo,
Quando fizer 39 anos vou pendurar os meus olhos
Num quadro, numa tela de mágoa,
Vou soprar para dentro do vento,
Irei caminhar os campos de rosas
Que amargurado colho no meu ventre cansado a imagem de mãe,
A tapeçaria intacta de ambição,
A face corre na estrada, em números, em mim desaparece
O sorriso,
Faço a imagem enegrecer,
Endurece o rosto,
As rosas perdem o tom de vermelho para tinta da china
De concerto imaterial,
Esqueçam-me,
Desapareço neste verso de aniversário,
Não presta este abecedário,
Este não sou eu.

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