quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Acabar

O futuro encarcerado em vozes e máscaras, em pele, nervos, sentidos, 
A visão de estudo rude, 
Processo em silêncio e mácula,
A treva irreal que encerra a peça em frenético desatino
Como um deslumbramento ou idiotia trivial, desencanto
Ou leitura de enganos, quando pouco ou muito se equivalem,
A subida na escala que cai no precipício,
A luxúria casual, a alma e seus vários planos,
Andar fugindo, fatigado de ventos e ferozes assuntos
Que calam a passagem do tempo, a fraqueza e a aspereza,
O conforto que dói, isto que nada acalma,
Resistir no conteúdo e dormindo na história, o jogo das palavras,
Contando gestos, a preguiça de acordar,
A idade que escapa, o acto ou desato,
O café que ainda lembro,
O Inverno que descubro lento ou teatral de crescer,
O toque na perna, o piano residual que ouço ao infinito de me perder,
O palco da palavra que conversa e o encantamento de ouvir a árvore e suas folhas por dentro,
A planície da descoberta,
Roupas a um canto do quarto ou convés e bafio,
O folclore diário, o riso e seus derivados, um grito, um copo na estrada, um baloiço,
Um drama ou folhetim ou a calma de evitar,
A ciência da escolha ou o momento neutro de casulo
Que encerra o capítulo de estudar olhos atentos num livro de almas
Que por vezes faz o corpo respirar ou perceber que nunca estamos sós
No início e fim de acabar.

Sem comentários: