sábado, 31 de outubro de 2015

Não Tenho Tempo

Paisagens inacabadas, paisagens de dor,
A montanha de imaginar, quantos tormentos,
Esfera armilar, sobretudo um verso puro que rompe o espelho,
Esta vaga memória, a aventura só agora começa,
Com pecados e retalhos de mochos e ervas do chão,
Passos serenos no cenário de choro,
A humildade fica-me bem,
Construo a cor já lenta e húmida
E sou macio como espuma de veneno,
A luz é uma ave cantando a glória de existir
A vitória de ritual,
Face e corpo e candura de mãos e jardins planos, mentais
Como um enredo cru, uma peça de carne
Na montra litoral do gesto torpe,
Ao fechar os olhos o quarto é um beijo,
Ao chegar a treva varro a luz nos sapatos de tom mascarado,
Ainda não concreto e residual,
Já não tenho tempo.

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