sábado, 31 de outubro de 2015

Rosto Desconhecido

Do amor que resiste, inalcançável, demorado, sim,
Faço uma prece, instantes como num sonho de maresia,
Porque não perfeitos,
A luz ainda rarefeita, inacabada como coração que suspira
Batendo no peito a emoção ausente, 
Uma dor existe como tecla de piano, irrita a pele por dentro do que sentimos,
Trás-me negro e vinho num aceno ao passado,
Trás-me numa bandeja o meu coração esfaqueado,
Ergo a taça de vidro do que sinto,
Entorno o verso,
A nódoa que estremece,
O vício arrasta o corpo desejo por deserto de almas vis que mergulham na areia
Dos enganos, perco miragens e idade,
Sento-me, residual nas palavras que assombro as palavras...
São tantas as nossas fases e queixumes que cegam hábitos,
A areia do poema cega,
Ando em volta como sem rumo,
Percorro-me no sentido de linhas de frases, de letras juntas de silêncios,
O mar é um ator que nos prende em oceano,
O mar foge, volta, transforma as causas e continua
Como se não fosse real,
Eu não me sei, perdido ainda, ainda ambíguo, respiro e demoro,
Só quando e porquê e como tudo não é  realmente o que gostaria que fosse,
A impressão estática de moldes do delírio,
A reação nunca é certa,
O amor experimenta, mas sem leis,
Nada cientifico como poesia, como sonho de Verão
Em que adormecemos todos os dias no rosto desconhecido.

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