Tentei ser a sombra,
O nome que não se lembra,
Giz num quadro a escrever contas aritméticas,
Tentei ser a inexpressiva manhã do meu corpo,
A maré, o sopro da praia,
Tudo neste momento,
Tudo é isto, planta, o solstício de Verão e um segredo,
Enredos circunstanciais, magia de duas mãos entrelaçadas,
Mas que aborrecimento,
Tentei ser uma vida,
Um exame de consciência,
Falhei, caí,
Com mazelas e atormentado
Sem me lembrar do meu passado
Quem me disse para esquecer o tempo, o espaço?
Uma tela branca e um gesto,
Carícia ao de leve como pincel formando o rosto tão belo,
Tal como poesia ou música dos dias,
As manhãs de cetim, como diz Florbela,
Ou uma sentença de demência,
Algo, assim, como conversa entaramelada,
Assim, como tudo e nada,
Um profundo desejo de peripécia
E voltar atrás com a inocência de areia,
Saudade,
Isto não passa de uma ideia,
Uma contradição, Um velório,
Ou uma certeza de luz no distante horizonte,
Tudo o que inebria,
Nuvem, Sol e desatino,
Um tema azul na jukebox,
A mágoa por existir,
Por insistir
A alegria tão breve e tão nossa.
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