terça-feira, 7 de julho de 2015

Nada Que Digo

Não sei dizer nada que digo
E prosar versos que nascem como flores
Como janelas sobre Lisboa,
Fragatas, varinas e marujos,
Dias que não são comuns,
Um dia que é imenso,
Vida inteira cheia de nada,
Esplanadas de ilusão, negras como frase de jornal,
Dia de latim, dia de tossir,
Despeço os verbos, o acto solene,
Já nada me lembra o outrora que relembro com impaciência,
A margem discreta de atravessar uma seta
Ao sentido contrário de morte
Como faz sentido acordar no momento das deixas que engolem
A luz de soprar o sentir quando olho o relógio
Para me lembrar que ainda faço sentido
Quando me toco na esperança
De me ouvir lento, rosa e ambição
De roubar palavras nos dicionários que exprimem ditados
Oferecidos em noites trágicas,
Luzes que acendem para passar o conteúdo,
Isto que não morre,
Livro de horas e sangue nos telhados
De tudo que discorre de olhos e teatros de fé,
Aplausos multifacetados e serenos
Na praça de jogar-me no jogo de escorrer o cabelo em rios
De folhas que riem como se de pranto as impaciências
Doloridas em nuvens e manchas
Trouxessem a liberdade que busco como
Corpo que construo num grito
Que trago dentro do meu peito.

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