A música chega inquieta, treme,
O palco morre,
A dança do vestido, seda vermelho,
A luz neutra como que tímida perante a multidão,
Agarro o momento ausente,
A história de sombras mexe o sentimento,
Gaivotas em terra, mau tempo e solidão de embaraço,
Por vezes a voz é nítida e a plateia geme,
Por vezes já não há risos e não há choros,
Só emoção de uma garrafa de esperança
E a noção de algo que não faz sentido,
Sim, é perigoso pensar nas ausências
E no que poderia ter sido se não fosse assim,
Mas a habituação é mortalha dos sentidos
E o que não alcanço e o vai-vem do isolamento permanece
Como estátua ou o que não ouso pensar porque já perdi as contas
À dimensão do desafio a que me propus desde sempre.
Desisto como já me desistiram tantas vezes,
Que desorganização e metáfora do empalidecer
Quando escuto as palmas, solícitas,
Sem ter chegado à conclusão do que faço aqui.
É dia de dormir as palavras e acordar os ouvidos em uma qualquer outra realidade.
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