Respondi nestas frases o indizível de minhas mãos nuas,
A resposta de neves na aurora de dia que nasce em ternura de leve acordar,
Desci ao passado, lamentei-me de indiferenças,
É tão vago o sono e a mágoa,
Assoei-me num lenço, tranquilizei-me e pedi um café,
Desci mais degraus de recordações sonâmbolas, díspares,
Aumentei o meu dia de olhos na penumbra de amanhãs entre portas,
Olhares neutros de multidão que espera,
Já a chuva é um sentimento,
Os meus amigos estão num convés de barco
Atrás do sonho a que tudo resiste,
Sim, estou só e caminho só,
Acho melhor assim este desprendimento,
Esta glória de nada sentir
Como vento da manhã agitando os ramos às árvores toscas,
Fumo cigarros despidos, a nicotina acalma,
Deixei as noites penduradas em relógios na cama que tudo esquece,
Meu coração é uma pétala de algodão,
Uma nuvem, um lamento, uma ilusão,
É um dia de Natal em que desenho na janela o meu nome,
Através dos tempos não vi mais que um arrastar,
Um acenar sombrio, uma estátua de melodias na pauta de música da minha vida tão frágil,
A originalidade há muito está gasta numa engrenagem sem o maquinal condão de emocionar,
Estou parado,
Sou um rato, um bicho qualquer,
O que quiserem,
As definições já nada revelam,
A palavra está morta,
É um retalho de circular em contra-mão,
Um afago que se gosta como espelho de tudo o que poderiamos ser
Como se não olhássemos por dentro das nossas ambições já defuntas.
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