O poeta olha a folha em branco,
Balbucia algumas palavras em som oco,
Finge sentimentos ardentes,
As mão imitam frases ao vento,
E sofre tanto para criar rimas e estrofes com sentimento.
De repente toda uma trama se constrói,
A amada que espera numa praia deserta pelo seu herói.
O Sol queima, a areia voa em círculos,
A amada que, na imaginação do poeta,
Tanto pode estar na praia como em outros sítios.
O poeta assim decide e o leitor obedece,
O leitor pode estar num ambiente de chuva e neve
Mas é o Sol da praia que o aquece.
A folha em branco vai acumulando sábios dizeres,
Rimas e métricas fervorosas.
O poeta guia o leitor nos seus literários prazeres
E é o seu momento de solidão que lhe dita frases ansiosas.
Mas a inspiração é traiçoeira,
A folha em branco, ao escrever-se,
Pode tornar-se vulgar e corriqueira.
O leitor passa para outra folha,
E a poesia que podia comover tanto
É ilusão, frustação e pobre canto.
A amada não sofre como devia,
O amado tem por ela um sentir sem suspence
E o poema que poderia ser arte e sabedoria
É apenas algo que não nos convence.
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