Ah, tivesse eu dinheiro e não vivesse neste dissabor
E não precisasse de pedir com uma boina no chão,
Se por obras do destino fosse adivinhador
E os números dos jogos soubesse a previsão.
Não me humilharia a pedir trocados
Às gentes que de mim têm compaixão,
E não vivesse os dias como feriados
E a tudo pudesse pôr travão.
A crise nota-se até nas esmolas,
Na porta da igreja em que estou as pessoas passam ligeiras
Como miúdos que vão para as suas escolas,
São como da fé prisioneiras.
Eu só peço o básico, uma pobre moeda,
Não peço muito,
Mas de mim ninguém se apieda
E quando me dão algo, digo obrigado, que é gratuito.
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