segunda-feira, 14 de abril de 2014

Palavra

Árvores, ramos ao vento,
Palavras que se perdem,
Frutos maduros, conceitos nulos.
Fotografias da alma crua,
Atalhos,
Palavras preto no branco,
Folhas e páginas, realidades dispersas,
A página do verso animal
E a fixidez do momento.
Que contemplativo é a origem
Deste estranho mistério
De luz, 
Degredo e lucidez da matéria das coisas sensíveis.
Ah, arrancar à palavra o seu inconsciente,
Palavra vã de si mesma
E das cinzas da sua morte
Erguer-se o seu significado imortal.

Na solidão, na imagem,
No que hesito e protesto,
Palavras, a morte é a chama,
Fazei dela a virgula,
Um enredo de uma lágrima,
Um medo que no peito lateja.

Biografia de velório,
Vela,
Pavio incandescente,
Bíblia de todos nós.

E a imensidão de Cristo na superfície,
Palavra, paisagem da sombra de Deus.

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