domingo, 17 de maio de 2015

Choro Cego

Por entre o meu cansaço, por entre o meu caminho
Há sonho de maresia, há memória sem fim,
Na face do momento agito sinais de fim
Na esteira de regressar ao inicio,
De me conhecer,
Que constante loucura me pedem,
Meu padecer que arrasto como franja de cabelo
Como ser cedo para ser outro novamente,
No que não posso ser, pois estou certo que não serei capaz
De virar a página triste e maldita,
A vida sadia,
Ser eu custa como uma imagem de riso
Ou a solidão de noites,
Na verdade construída de embaraço,
No risco que traço em corpos azuis de hoje,
Fecho a minha cara de granizo,
Unidade somente minha,
Que há pescadores tentando resgatar a razão de rosto
Que não respira
E como e rezo e durmo,
E sobrevivo sempre no que não sou ou sei reinventar
Em assunto que resta e custa digerir como uma sandes de atum
Ou um cigarro depois de um café branco
Destilado na bebedeira de dor de cabeça
Que é todos os dias,
Custa-me ver letras,
Custa a perfeição,
Quando vem outro dia,
Quando me abandonam como animal doente
Numa qualquer estrada,
O meu ir e vir
A inocência dos astros,
A letra senil que ouve o choro cego de futuro.

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