Conheço o azar como me lembro da sorte que desconheço,
Sei de emendas e sonetos e canções de serões e bofetadas,
Tenho uma dor de futuro na mágoa de passado
E já traduzi a Constituição para uma língua indígena
E sei de cor os artigos que digo em salas
De pianos de cauda com enfeites de Natal a condizer com a carpete,
Sou fixado em perceber as alíneas e os códigos
Das etiquetas de roupa
Tal como os perfumes e o que escrevo
Poder ser uma mensagem a um nervo óptico
Que percorre o canto do olho até à unha dos dedos,
Quando toco o nariz de me meter à espera
Que o carteiro traga a felicidade
De deixa como teatro de perceber que talvez se mudasse o tema
Dos abecedários me impingissem um papel de carta que entendesse
O frenesim de dizer sim e não ou quando o isqueiro cai
E eu abro a porta vir um pássaro que está numa janela
Me dar os bons dias e me apetece vomitar
Ou se calhar dizer a fala errada no filme do dia
Da sala dos momentos de palavras que rimam com cabelos e sofás.
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