domingo, 17 de maio de 2015

Ser Gente

Eu sou uma pessoa e nisto sempre busco a essência de ser eu,
Sou eu que sou sem artifícios ou filme ou teatro,
Escrevo pessoa que sou e talvez perco identidade num cartão de cidadão
Que resta o meu nome e dos meus pais,
Nada me sobra de ser eu que sou por vezes que não sou,
Perdido e gasto por entre margens de outros e enganos,
Por vezes doente, por vezes tosto, mas sempre pessoa,
Não perco esta palavra ao infinito de mim mesmo e que reencontro num acenar surdo de semelhante ser,
Sou eu que me busco distante de fugas e sereno de me sentir,
Nada também me pertence como alma que carrego no ventre despido de arraiais e desconsolos,
A tristeza de lágrima, o som de piano,
A marcha lenta de morrer,
A bofetada infantil, os passos que ouço todos os dias,
A realidade que deturpada é riso e sono de regresso
E tarde de retrocesso,
A pessoa infinita de música que costura impaciências num segundo
E em eternidade sou eu no aceitar resignado de dizer sim como festa,
Como noite de copos e qualquer coisa de noite que transpira códigos,
Encerro o corpo num fechar de olhos,
A morada celestial que abrigo na minha emoção sempre minha,
Sempre exausta, sempre como nada que perco e ganho
No momento de ser gente.

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