domingo, 17 de maio de 2015

Papeis Demorados

Abre a madrugada,
Um canto de nascente sorri o espanto,
Alma em relevo nos olhos de fera,
Nada é maior que tudo nisto que custa crescer,
Nem cicatrizes ou reclames ou olhos
Sabem de mim,
Sentir que turvo sou como algo que resmunga,
Indecifrável e desumano num rosto sempre ausente,
Equações que olham o perfil
De que nada diz ser mimetismo de conta
Que acrescenta conta na tristeza fugaz,
No burburinho alimentar os passos
Andando entre figuras e paredes desabrigadas
De som ou calares de histórias
Que nem ser o que são por não se pensar
Em se ser que somos na ambiguidade de
Voltar a casa imerso de nuvens e
Algo irrealizável
No instante que se olha o sentimento
De sentir os olhos
Que secam lágrimas
Em mundos de desalinho
De sonhar sempre mais
Que o sonho,
Que desejo,
Mãos nos bolsos tateando moedas,
Sempre longe,
A utopia de mais nada dito,
Desdito e como prefácio de livro que não se lê
Pendurado em alguma estante de papéis demorados.

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