sábado, 13 de setembro de 2008

Fantasmas

A incerteza entranha-se nos meus poros,
Assim durmo, acordo e vou vivendo aos poucos
Não sabendo muito bem como a vida é.

Emudeço e permaneço quieto.
As ilusões,
Os fantasmas do presente...
Rostos que se perderam em destinos do passado.

domingo, 1 de junho de 2008

Momento

A minha solidão,
Sombra de timidez, ser ausente.

Por vezes, intenso e brilhante sem causa aparente de o ser,
Propriedade intelectual ou resto de drama feito de gestos perdidos.

O momento é breve.

O momento é o instante em que desmaterealizo o ser, a razão.

A ausência de vozes,
O consolo no silêncio de um desconforto.

O ser que foge, o sonho regressa.
Todo o mal estar que vem ter comigo foge lentamente.

Reclino o pensar em desvelos descaracterizados de qualquer sentido,
Reclino o pensar e tudo permanece aquidistante em ondas de transfiguração sombrias.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Eu

Irreverência,
Retalho de eterna busca,
Labirintico querer.
Ser magoado que busca a eternidade.

O sono destroçado,
Cabeça em desalinho por tão cansado.
Dormência de sentir.
Forças vêm, forças vão,
Enjeitado de si mesmo.

Busco um nome próprio em vão,
Sei que esqueço estas frases,
Sou ser de um corpo que me deixou,
Fugiu de mim.
Quem sou desconheço.

A escrita invade-me neste quotidiano,
Deixo-a fluir tal como imagens que me ficaram
Ou palavras que me emprestaram.

Quem sou?
Definição sombria que se esgota no meu nome,
Mas não o escolhi.
Se pudesse inventava nomes,
Muletas de identidade,
Códigos de mensagens.

A minha verdadeira identidade?
Ninguém.
E se é pequena a definição
É minha,
E se quiseres dizer que sou alguem
Digo-te desta pobreza que é a minha condição.
Ninguém.
Haverá tal castigo ou orgulho ser ninguém?

E se me identifico com a injustiça ou se choro uma maldade
Não me peças sentimento,
Eu sou ninguém,
Não sinto tal como as outras pessoas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Personagem

Falta-me tempo para ser feliz,
Tenho medo de ser quem fui,
E por mais que procure
Sei que sou o que sou, uma personagem.

Mais um dia desperdiçado em cogitações sonâmbulas.

A tua eloquência é pobre?
Mendiga?
Mendigarei a minha condição,
Só eu sei o que é a emoção.
Falarei com esperança,
Os meus olhos eternas janelas de virtude e de raiva.
O amor a eterna condição,
Mas só o vazio persiste no meu coração.

domingo, 16 de março de 2008

Sono

Um ser, uma miragem,
Uma voz perdida que me diz algo.

Debaixo da minha janela
Espreito a figura veloz.
Um momento solto, só estamos nós
Temporal bravio,
A figura esconde-se por debaixo de uma árvore.
Eu espreito a figura fugidia,
Sorrio ao ver que ali estaria mais confortável.
Sou ser livre, não gosto de amarras.

Uma bica, um cigarro,
Horas avançadas,
Concentro-me no meu trabalho,
A minha condição de fazer tempo para nada.

É sono, melancolia e cafeína a soluçar
Desta caneta, muleta de um corpo a latejar.
Encosto-me em suave letargia e deixo-me ir
Na precisa tinta de sonhos ainda por sentir.

O Amor

Recordo todo o meu passado em breves instantes
E fico circunspecto ao amor.
Se o senti, passou...
A memória estorva certos momentos,
A história passa, tal como todas as desilusões, actos falhados.
Faz cócegas no afecto?
Faz esquecer o dia a dia de rotina e tédio?

Poderia tecer considerações,
Cantigos de alma,
As ausências, o louvor,
A espera que desespera,
Frio na espinha.
Mas o que é?
Lembrança sentimental, valor?
A minha alma é a conta.
Factura elevada,
Não obedece a números, letras ou sermões.
A minha alma perturbada...
Quantas vezes fiz de conta,
Uma conta que não tem conta.
A alma pertence,
O corpo não,
O corpo não me pertence,
A alma, a solidão.
A conta, tantas vezes a conta afiada no meu coração...
Eu faço de conta, tantas vezes,
Outras contas por mim mesmo.
A escrita que me invade é a do sentimento,
Sentimento inconsequente,
Espelho que aponta a razão.

sábado, 15 de março de 2008

Retrato

O silêncio, a ausência de vozes tristes.
O mistério nocturno, esparso.
O som do sonho,
A amplidão do mar,
A côr do sangue,
A sofreguidão de não amar.

Lume brando em acendalha mortiça,
O meu corpo cansado,
Cabeça , corpo alvoraçados.
Lembro a solidão,
A janela ampla
Enredo, novelo, espelho
Janela solta,
Conquista.

O meu retrato?
A angústia de personagem num enredo fatalista,
Sombra de vontade,
A verdade da razão derrotista.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Amanha

Passeio solto em retalhos de casualidades sonâmbulas.
Esparso, curioso e solto ou lento, amorfo.

Desdem, desdenho-me,
Sim, busco o impossível,
Sou eu o acaso ou o que não estava previsto acontecer.
O sonho, a minha verdade.

Uma vida é composta por dias, horas, anos, minutos,
Eu não tenho relógio nem sentido de orientação.
O amanhã é sempre o mesmo dia que ja passou.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Domingo

O dia de Domingo é calmo e desértico,
Mar de complacência terna.
A musica que passa é um sussurrar suave,
Leve brisa de final de tarde.

Vozes que chamam o meu nome,
Mas eu não presto atenção, estou paralisado
Presente num futuro de brava sabedoria.
Nunca é esta a minha realidade.

A voz distante do destino sem razão que suspira por mim é talvez chamamento divino,
Nesta permaneço atento, há vozes que me seguem...
A Terra vive, chora, chora-se, há um eterno peso de magia.
Uma leve película de aragem silvestre envolve-me suavemente os sentidos.

As horas do sino da igreja que ouço pelo ar
Invocam-me imagens maritimas, distantes,
Miragens desmaiadas, sem corpo nem espaço.
Eu eterno náufrago sem rumo...

Olho o céu,
O brilho das estrelas são como olhos de Deus
Guiando-me no mistério cego da fé.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Tudo e Nada

Diálogos esparsos, casuais, sonhos reveladores.
Um cigarro ao vento.
Alguém me faz uma pergunta.
Não sei responder.
Gostaria muito de poder alcançar o mar, as estrelas, o amor, a eternidade
Porventura dialogar palavras no mar de conquista de felicidade
A mágoa de virtude, solidão enredada.
Triste a minha condição de sofrer por tudo e por nada.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O Louco

O louco estende-se na soleira da porta.
Anoitecem-lhe os olhos de choro soluçado.
As olheiras, as rugas, o rosto cansado.
O céu persegue-lhe a mente, a lua guia-o no seu caminho,
No casaco, suavemente, acaricia a história de um amor perdido.
Cumpre o mistério divino e secreto da eternidade.
Muito baixinho recita uma oração de igreja
E pede com todo o fervor por um amanhã de realidade.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

As Liçoes

Erroneamente lá dizias o dizer da obrigação da lição estudada.
Eu, estudante aplicado acenava aos dizeres e gracejava com significados que a mim me faziam sentido.
A minha escrita lenta...
Fugia-me a mão à palavra solta e apontava o gracejo de humor corriqueiro na tua voz.
A cortina bonita na janela, mesmo perto de ti e eu a olhar o superior pensamento de quem sabe.

Embrulhei o raminho de flores
E lancei-o como quem não sabe o como e o porquê...
O derrame de lucidez...
O instante do sonho de morte...
Sou sempre eu, distante, inconstante.
Choro a solidão, sou companheiro de alma sujo e gasto por esta Lisboa que vive de pensamento de rumo perdido.

O futuro não nos pertence, o encantamento divino de alma errante é o retrato que conservo dentro de um mistério de humanidade, luz, poema, canção, sorriso, choro, ou leve fechar de olhos, alheamento dos sentidos ou convulsão frenética.
Tudo faz parte da nossa existência.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Eternidade

O homem, o ser ausente e presente.
O homem só começa quando acaba...
A mulher, a suave aparência de ser o que é.
A continuação do sonho começado.
Um beijo, ténue, mudo
E a transparência de eternidade.