quinta-feira, 27 de junho de 2013

Nessa Noite

Nessa breve noite,
Onde se apagou o dia
E a manhã nunca mais descansou,
Com medo de tudo o que é loucura
Em vão pedi socorro,
Abracei o desconhecido
E o incógnito tornou-se real.
Porém uma estrela,
Que o meu olhar fixou no céu,
Brilhou iluminando o meu sofrer.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Divagação do Momento

Murmúrios que tecem segredos de ouvidos
De canções, danças de Verão,
Na memória de absolvição,
Tudo o que é invisível e nu
No sonho de escura noite
Que vai morrendo aos poucos,
Espelho de luz e sombras.

Desisto do ditado, da composição,
Não respondo,
Nego qualquer instante,
Pois tudo o que é razão e sentir
Não resiste ao tempo
De pestanejar
O conceito e o esforço
De realidade,
Divagação do momento.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Tempo Comum

A estação
Onde a frase,
Conceito, ideia 
Se transforma
E se esconde em
Passado, pretérito perfeito
Resume-se em uníssono
De tempo presente na mente,
Por vezes tão ausente.

Não há questões a desvendar,
Pois o sentir é oco, 
Estranho e sem emoção
Quando se torna real
Na imaterialidade do tempo comum
De virar de página de livro numa biblioteca 
Que lê os olhos dos leitores ao longo dos tempos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Impaciente


Este compasso de espera deixa-me impaciente,
Queria expressar-me, fazer insinuações, conquistar,
Mas a quietude da tarde resvala em senso comum
E a noite magnifica o ser em repouso triste e só.

Há uma estrela por fazer luz,
Um desejo que não se concretiza.
Procuro o silêncio,
O mistério dos ruídos nocturnos,
O som do mar,
A cor do sangue,
Saber onde pára o horizonte
E começa um novo dia.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Realidade

Uma voz chama o meu nome
Na noite da minha memória,
Não presto atenção, estou paralisado,
Ausente mas presente num futuro longínquo
Que nunca será realidade.

A partir de hoje não faço o que fiz
Vou deixar que a vida decida por mim
Se não souber qual o rumo a seguir espero
Por um sinal, uma memória, uma metáfora
Que me indicará o caminho de volta ao sentimento.

Sei que estas palavras são lágrimas
Vindas de uma alma solitária e melancólica,
Mas nem só de tristezas vive o homem,
Encontro a alegria num rosto, num gesto, num poema, numa frase,
A sinceridade num qualquer olhar de esperança,
A mentira, verdade ausente
E uma mão que limpa o choro do vazio,
Lágrimas de um futuro
De olhos nublados, cansados.
Rodopio de horas sem fim,
Com instantes que são horas sem espaço
Pensamento escavado
Em mundo absorto de expressões
E olhos fechados que vêem a escuridão
E mais nada.

Vulto de Memória

Vulto de minha memória,
Eu render-me-ei a ti
Nestas minhas eternas armas
De impaciência, de loucura

Para poder voltar em maré de onda
De praia de resto de minha vida.
Dai-me apenas aquilo que é meu,

Os meus castelos de areia
Que em vão construí na minha mente
Em delirantes sonhos de ambiguidade.

Imagem de Deus

Animosidade confusa,
Parecer distante,
O vermelho, o azul,
A lua, o espaço,
A sombra de passado,
Corpo incerto,
Fantasma que em mim mora
E me cerca.
Tudo se mantém, tudo é inalterável,
Delirante imagem
Que se mira no espelho do horizonte.
Roupas atrapalham tal como nudez,
Porque por vezes é inútil vestir o verso
Em embriagues de Deus em dia incerto.

Infinito


O sonho, a miragem,
Transcendência de amor a Deus,
Ilusão de ser,
Eterna busca labiríntica do querer,
Contemplação de desejo,
Grito na imensidão.
Cada dia,
Em melancólica cadência,
Trôpego no meu cansaço,
Pensamento livre que se perde
Num desenho de sono, arte.
Trôpego no meu cansaço,
Gélido jeito de ser, feito de sangue,
Cenário de choro vencido
Ébrio de pensamentos e ilusões.
Se ao menos alguém parasse
Esta vontade de infinito...




sexta-feira, 7 de junho de 2013

Maior que a Vida

Aceito a determinação da paz,
Do entardecer em dias que correm lentos,
O ruído ao longo do espaço,
Ouvido que escuta a voz
Que é maior que a vida,
Maior que eu
E interrogar as palavras neste livro.

Ter nas mãos um punhado
De palavras que cultivo
Na existência de um quase nada
Que sinto
E é tão fria
A noite onde acaba
A vã tragédia do mundo.

Livro



Desfolho o verso,
Poema em flor
Com delicadas mãos,
Brancas como neve de Inverno,
As pétalas, caule, folhas,
Flor de outono,
Flor de enredo
Como se fosse amor do meu consolo.


Em letras, frases de outrora
Livros de acaso
Procuro o prazer, o nexo,
Ouvido que escuta a naturalidade,
Onde me deito
E descanso o sono das palavras ímpares.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Viagens



Embarco em serenas viagens
De instantes que se demoram,
Duram meses, anos, horas,
Emoções vêem e ficam
Deixo de ser quem sou,
Relego o meu entender
Em alma que num dia de Inverno vi quebrar-se.
O horror dessa manhã de despedida
Feita de pedra na imaterialidade de ser
Está na palavra que se arrasta,
Agasalho que estorva,
No eterno jeito de perder ou ganhar
O que novos horizontes se desenham no desejo de criar,
De verdadeiramente sentir
E ficar só
Em cúmplices metamorfoses do anoitecer.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Calendário

Nunca faço a minha cama de sono desfeito,
Durmo, acordo, volto a dormir,
Passado, pretérito perfeito
O amanhã é feliz quando me deito e adormeço,
O dia, por vezes, agonizante, inútil,
A noite é luz do meu dormir.


Risonho dia de hoje,
Fraqueza de provável amanhã,
Expressão,
Fortalecimento do pensar,
Já não sei o que quero
Nem o que posso conquistar
E quando chegar a minha hora,
Vou de novo acordar
E reclamar todos os momentos 
Perdidos num outro olhar.