quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sim

Sim digo eu em forma já decadente de concordar,
Sim significa o passado e o desejo que não acalento,
Somente ambiciono o dizer não a esta história
Que me envolve no ato de sofrimento,
Persegue-me como janela solta ao enredo
Do invisível que mora em mim
E nunca me vejo como sou,
O jogo descaracterizado de emoções de realidade
Que escondo para dizer novamente sim ao actual, ao mundano
E sei que esta palavra não é o que sinto mas o que aparento.

Instante de Noite

Noite da ilusão do real,
Do que me cerca, 
Noite passagem de luzes que fogem,
Negativo de dia em fotos que revelam a solidão
E ser maior que tudo e contudo pequeno
Diante o brilho de estrelas que aguardam
O dia para ocultarem a memória que dura
Apenas o instante de noite,
De trevas,
Para poderem de novo ressurgir
E brilhar a eternidade.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Inocência

O que procuro é breve e imaterial,
Estou entregue ao som de orquestra
Ao bombo da festa
À dança, bailarico de Verão
E não consigo encarar o instante,
O presente que me traz paz, tranquilidade,
Pois tudo me puxa para o caminho
De me encontrar só e perdido em campos dispersos,
Refúgios de abstracção.
E a música, a festa
É apenas um prolongamento
De sinais,
Memória turva de tempo
De quando tudo ainda era inocência
De te abraçar
E te sentir.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pronome Pessoal

De repente eu não sou eu
E tu não és tu,
Eles e elas são longe de mim
E nós deixamos de ser o que seriamos 
Se talvez um de vós se lembrasse de quem eu já me esqueci
E eles e elas possam recordar com cumplicidade tudo o que aconteceu.

sábado, 20 de julho de 2013

Amar

A inspiração surge,
A última esperança
De encontrar o que a alma ambiciona.

Na tardia praia da emoção
O Sol ilumina a areia
De eterno reencontro
Com as ondas e o mar.

Olho o horizonte
E tudo é belo
Como espelhos.
Barcos de luz
E o azul do céu,
Tudo o que preciso
Para me sentir perto de amar.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Vago

Viagem
Que tantas vezes faço ao inconsciente
Para retornar à posição de estar sentado em frente ao mundo,
Janela de enredo
Onde empresto o meu olhar por instantes.

Fujo do real,
Encontro o sonho
E tudo é alergia de sensação,
Tatuagem de solidão,
Procuro
Não me entendo,
Fúteis suposições
Que morrem e se tornam passado sem história,
Sem memória.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Sozinho

Enquanto dormia o mundo trazia-me 
A longitude do teu abraço,
Quando sorria
Tudo era a imagem do teu adeus.

Quando me ocupava em me desculpar
A minha culpa de te ter desistido
Na minha eterna inocência de amar mais longe
E ser correspondido
Não consegui ver para além do possível, do real.

Fugi de mim, de ti, de todos
E fiquei sozinho
Entregue ao desânimo do destino. 

domingo, 14 de julho de 2013

O essencial

Sentir o essencial
E descrever a ânsia de querer
Como pequeno pássaro que deseja voar,
Ter medo do espaço, de cair, de ser adulto.
O verde e o vermelho fundem-se,
Há fogo em janelas fechadas e um discurso oculto,
Breve, exacto, mas consciente
De tudo querer alcançar em palavras que fogem de gestos.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Teu Olhar

Olhar o teu olhar
E perder-me em palavras.
Se o teu olhar de tom verde tão
Sereno e majestoso pudesse se enredar nos meus olhos
Tristes, melancólicos
A olhar o teu olhar
E não dizer nada,
Instante de chama que inflama todo o meu sentimento
No teu olhar de dúvida e prece.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Metáfora, Comparação

No momento em que lês um livro,
No inseguro segundo que és um animal,
A insanidade persegue-te, veloz,
O tempo é artefacto emocional.

Quando acordas o viver
Num rosto que passeia a teu lado
E acendes o recordar num espelho de solidão,
Deixas de pertencer,
As palavras são acessórias,
É o resgate da luz,
Domínio da metáfora, da comparação.

E quando procuras,
Nada faz sentido,
Aguentas o respirar num coração
Que não obedece ao sentimento,
Desfalece a culpa e o perdão.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Eterno Eu

Concretizo-me no verso,
Poema de manhã em flor,
Ditado de quarta classe
Que escrevo com toda a atenção
Para não dar erros,
Gramática do real ,
Do lápis que escreve,
Da borracha que apaga.

Na poesia paira um amanhã de raiva
Por não dizer o grito que mora em minha alma.

Ser boçal, trivial
Que em  linhas de pensamento
Que é a vida
Se torna frio, isolado, desamparado
Como descoberta de eterna mudança que estagna em delírio,
Ignorância de sentir.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ler

O sol no azul céu,
Nuvens como farrapos emprestam
A sua delicadeza ao dia.

Por vezes admiro as aves
Que tão livremente voam no espaço,
No eterno bater de asas
Como se fosse fantasia de pensamento de final de tarde
Que espera a noite com um olhar cúmplice
De deixar o momento acontecer
Sem qualquer esforço de permanecer inteiro no cenário de luz que desvanece.

Nem sei o que se passa para além da ilusão
Da fotografia de memórias passadas
Guiando-me no ato de ser eu mesmo
A observar a realidade como literatura
Que leio e se torna quadro de emoções
De ternura e amor e me envolve
Em ondas de movimento que morre
Em cada linha de texto de vida.