sexta-feira, 26 de abril de 2013

Mar da Minha Memória

Mar da minha memória,
Braços que fogem,
Olhos que choram,
Sentimentos revelados à luz de farol
Que me conduz em noites
De sono destroçado.

Por vezes consigo alcançar o momento são,
Quando me vejo distante, ausente, só.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Abismo


Lisboa, anos 90, 18 anos.

Adolescente inconsciente,
No corpo, 
Na expressão sorridente
Verão quente,
Pensamento branco, ausente,
Palavras de actos e movimento.

O Mundo era bola de fogo,
Queimando nas minhas frágeis mãos,
À beira do abismo do irreal
Das normas e leis,
Máscaras rituais que julgam.

Era a noite escura
De todos os pormenores
E seus detalhes.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Adolescência

Certo tempo, não sei precisar
Era novo, inquieto, inocente
A vida a começar,
Adolescente,
A realidade era um lamento.

A adolescência é intrigante trama,
Fase de descoberta, de magia
É ser mártir,
Enredo de conflituosa filosofia.


E os adolescentes irão para sempre
Passar por muitos amores, desamores,
Empregos, desempregos,
Mas vão deixar de lado as suas rebeldias
Para vestir camisas brancas,
Sapatos engraxados,
Gravatas azuis
E fatos riscados.



terça-feira, 23 de abril de 2013

Amanhecer

Depois de mais uma noite
De tempo amortalhado em breu,
A luz gradualmente surge no meu quarto.

O meu pálido rosto pousado na almofada,
O corpo nu,
Adormecido,
São cúmplices de sonhos
Das eternas noites
De memória.

Conto ao acaso as sílabas do meu poema,
Já consigo acordar.

Vejo com olhos que cegam
Um dia de rituais,
Um amanhecer em cada flor,
Em cada pétala de saudade.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Vou Sem Destino

Vou sem destino,
Incerto,
Por entre campos,
Searas,
Terços rezados antes de dormir,
Onde os gatos pernoitam...

Tristes aves do vento,
Levem-me inteiro
Por entre casas, pessoas e montanhas.
Quero voar.
Construir a minha força
Em muros
Que separam os mortos dos vivos,
O sonho do real.
Povoar com a magia dos justos
Os ouvidos que ensurdecem.

Saudade

Não sei se vias no espelho
O reflexo do vazio que havia em ti.
Nunca conheci o teu ser imaterial,
A tua alma.

Somente sei o que via em ti,
Solidão e distanciamento no teu rosto.

Contemplativo,
Olhava a cidade,
O grafismo das casas
Recortando o imenso espaço.

Tuas palavras,
Tuas mãos de saudade.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Tédio

O imenso céu azul que todas as noites escurece,
As trevas...
Silêncios distantes
Que nada dizem,
Os pontos cardeais,
Acasos de memória e de lucidez,
A mesma canção que ouço até ao limite do infinito,
Do insano...
Os mesmos nomes,
O olhar felino cúmplice,
A expressão de tédio num cenário de Verão.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Ira das Palavras

A ira das palavras já não habita no meu corpo,
Agora o sonho, a dispersão.
Aves voam livremente no horizonte,
Um gato brinca, desamparado.
Ouço tudo com um ténue sentido
E uma caneta que gemendo,
Escreve poemas de luz, mistério e noite escura.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Silêncio das Palavras

Sôfregas e exclamativas pessoas
Guiando ao espaço palavras vãs
Que ocupam campos, montanhas, vales,
Cidades e aldeias,
Palavras feitas de olhares, estrelas e melancolia.

As cigarras, os pássaros, o mocho,
O que é comum
E o meu próprio pensamento,
Tudo em suspenso,
Tudo é apenas momentâneo ou futuro previsível.
Olho-me no espelho do invisível
Oásis mortal de queixas de mim,
Não sei se aparento o que sou...

O mundo consegue ser ensurdecedor...
E há inquietantes silêncios que dizem mais
Que qualquer maior discurso iluminado.

O Que Vejo


Peço boleia a multidões de estranhos
Que espreguiçam noites mal dormidas,
Conhecem-me...
Fico a cismar...

Revisito-me no teatro do real,
Estou sozinho para o bem e para o mal.

Consigo identificar algumas personagens que sou:
A tristeza, a alegria fugaz, a nuvem cinzenta em Agosto.
Será que me vou reconhecer amanhã?
Serei o mesmo que se viu hoje ao espelho?
Óbvio, soturno?

A janela do meu quarto mostra-me um mundo
De sentimentos agrestes.
Tento-me acalmar
Questiono a aparência,
Os sinais,
O dia, a noite
A vida e a morte
Mas nunca encontro respostas.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Hoje

Hoje vou escutar o vermelho
De uma lareira quente e acolhedora.
Hoje vou sentir o verde
Que nos segreda uma canção
De tudo o que é eterno e genuíno.
E olhar o céu,
Contemplar as estrelas...

Hoje vou relembrar os eternos momentos sadios
Celebrando o amor e a paz
Que reside dentro da minha alma,
Dentro do meu coração.