sábado, 21 de outubro de 2017

Silêncio Frio

Ainda combatemos a verdade com a escura face da mentira
Ainda serenos e sós em feroz inocência de ousar fugir
A este campo de incertezas cálidas e breves num corpo emigrante da imagem de si mesmo.
Ir subindo mesmo descendo, o combate na ponta da lâmina
Da faca estridente que mata a dor.
Em suave fantasia do escuro que sopra dentro de nós,
Embevecidos e marginais como as ondas da alma na praia imaginada
Com enredos de anjos e sinais de fogo doentes
Porque a manhã azul e branca que nos falta é sempre um oásis, um rumo sem fim,
Um destino de cordel embaraçado em nós e laços sem fronteiras,
Sem calma, sem amor, sem o espelho da vitória prometida
Que incendeia nosso corpo e coração,
Filme incandescente, arma em repouso,
Colapso real do dia-a-dia,
A fragrância do silêncio frio.

Sem Título

Como um número ou como uma memória apagada,
A um dia que sobra entre grades de impaciência,
O homem afasta-se na noite, 
Perde-se na escura metáfora das palavras que ficaram,
Ele parte só levando pouco ou muito, 
Tanto faz,
Roendo o tempo, a ilusão, o ser, o perder,
A lua ergue a melodia de palco,
Serena a manhã de outrora,
Resumo pálido e breve embaraçado na pauta musical
Dos passos fugidios sem cor, sem vitória ou derrota,
Apenas a força de movimentos,
Sem um uivo, sem cor ou saudade,
O presságio de sombra nua na calada da noite
Em ondas rudes e gastas do corpo.

Calma

Há um mundo indecifrável em cada passo,
Há como uma espécie de magia em cada corpo espiritual e celeste
Na sua configuração terrestre e pessoal,
Na imaginária alma dos absolutos mistérios do pensamento
Que a todo o momento se concretiza no acto de serenamente
A fantasia se transformar em enredo de gesto ou de imagem aparente ou soturna,
Pois os desígnios do sagrado em todo o seu acto de reflexão
Atenuam a profunda causa de simbiótica apatia
E isso faz o corpo repousar e acalmar a dor espiritual ou irrascível de todo o ser humano
Que respira a onda grave e funda da face invisivel do desejo
Que a todo o instante como que incendeia o áspero sentido de olhar dentro,
Por dentro do enigma, no verso do incluso,
Na ave que repousa, no arauto de estátua,
No segredo marfim, a janela de luz ou o cetim do corpo a meia luz,
A calma de feiticeiros ou o original regresso da mensagem que volteia sem fim.

Secreto

O infinito número perdido somente em imensidão
Da parte que regressa a si mesmo,
Sempre destino ou nada que é novo e se encontra no absurdo de se encontrar,
Apenas algo inalcançável em vida, acordes modestos na pauta singular do secreto mimetismo,
Nada de novo e constante na incerteza de procura,
Em calmos e toscos absurdos ou desligar a mesma história embriagada e decadente
Que persegue os alentos, as vagas ilusões ou registo ou código doente,
Ou cor ou regra ou mesmo a desunião e falta de luz,
Porque a razão por vezes não chega,
A lógica destrói a vida ou talvez construa,
A questão nua e um sentido de enigma que ocorre como segundo sentido despido e mudo
Que regressa ao mundo como segredo,
Há todo este caminho desigual que fazemos sós
Porque a ambição respira e o corpo resvala em serenos assuntos
Da aparente matéria dos nossos sonhos.