sábado, 9 de novembro de 2013

Olhos Cegos

Dois olhos cegos,
Noite do desespero de insensatez
De algo que me escapa, é mais longe,
Noite, o teu manto de estrelas,
A tua solidão é o meu desejo,
Há algo de transcendente em ti,
Envolve-me a luz de alma 
Em fusão de sono e real
E perco-me em saudades do que já fui,
Não volto atrás e choro de saber-me ausente
Da metade que sou, do que já fui.
Não sei o que sou,
Procuro-me, acho-me só,
Ando envolto de sombras,
Distante em qualquer lugar de treva,
É frio e escuro o movimento,
Gesto de alma,
O obsceno acenar ao absurdo,
Ação, drama de realidade
Em mórbido momento em que desfaleço o acontecer
De dois olhos cegos na noite,
Metamorfose de espelho,
Estilhaçar de memória demente,
E Deus é a luz onde um dia irei morrer na palavra
E calarei o infinito.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Multidão

Tinta que fica presa a palavras,
A emoção de olhos que pestanejam o amanhecer
De dias que não passam de pensamentos.
A dança de momentos,
Estorvam como nevoeiro denso
Em dias de memória.
Acredito, insisto,
Porquê desistir?
Se tantos vultos que encontro no meu ser
Se vêem de mim enredar.

sábado, 2 de novembro de 2013

Riso

Palavra morta,
Gargalhada de angústia,
Escárnio
Do que não tem assunto
Que não é riso,
É lixo dissonante, trivial.
Se a minha alma se cobrisse de graça
E se o meu semblante
Se tornasse alegre, jovial,
Faria do meu riso
Canto de imagem feliz,
Acenderia com luz de magia
O circo, a música, a cor,
A hora certa, o real.
Mas o que me cerca não tem sentimento,
Nada me recorda a sensação
De braços que outrora me esperavam,
Química de ternura, ser sensual.
O dia é fútil relógio
Que insiste em parar o momento,
Enreda a espera,
É apenas corpo vão.
E quando não tenho paciência,
Me encosto em instante de morte,
Não encontro o gracejo,
Pois tudo é triste,
Eclipse de ilusão
Na fantasia de conceitos e ideias,
Em mente que levemente
Transfigura o concreto, o ser singular.

Tempo de Futuro

Chega, enfim, o tempo de futuro sem se atrasar,
A trovoada, a canseira de acordar, 
O lamento em frente de cidade,
A luz é alguém fugindo de si mesmo,
Discursos demoníacos,
Esfrego os olhos semi-adormecidos de sonhos
Escuto o bater do coração em telhados multicolores,
Ajeito o sentimento que me sustem,
Espero, espero muito por ação, dinamismo,
É impaciência de vidro, fumo de cigarro no ar,
Acerto o compasso do que é trivial,
Assunto disléxico,
Atrofia de emoção,
Um cão ladra,
Viro a cabeça, escuto,
Há gestos obscenos e pornografia e sons desconexos
E um padre que confessa o que penso,
São horas de me deitar.