segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Ternura
Com um pente de dedos
É ternura líquida
Que se evapora ao sol ardente.
Os beijos que trocamos
São papoilas nos campos,
Delicados e ardentes.
E quando nos unimos,
Loucos de desejo
É como uma dança de um lençol solto ao vento
Fumo um cigarro
E o fumo desenha as tuas formas pelo ar.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
O que Resta
Cântico à Noite
Quero á noite dizer
O que me for permitido dizer.
Porque a noite tem um secreto íntimo
E só ouve quem quer ouvir.
Mesmo assim te digo
Que de ti todos os dias me despeço
Por desaires do espírito e da saudade.
E sei que não me amas como amas a lua e as estrelas,
Tu que és ritual de passagem e de marginalidade.
Sei que vou, no futuro, rezar de mãos postas
Que a tua luz matinal venha todos os dias florir no meu coração
E eu invente uma nova melodia aos pássaros.
Noite, vem adormecer-me nos teus longos braços
E embalar-me em noites de apaziguamento
Que eu o fio do horizonte já perdi
E só do luar colho a tua luz com que ilumino a minha alma.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
As Noites
A Barbárie
Realizado
Horas de tédio de puro aborrecer.
Tenho fome de desejo,
Há um vazio por preencher.
A monotonia é triste sorte
De estar no abismo a olhar para a morte,
Ousar a aventura, o sal dos dias,
Do divertimento não poupar economias.
Tudo se repete,
Até eu em mim,
Quero fugir ao fastidioso frete,
Fazer da vida um festim.
E chegar ao fim completo,
Sentir-me realizado.
Não sentir esta coisa que me deixa inquieto
E por fim dormir um sono imaculado.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Esquecer
Até o Dia Escurecer
O Pedinte
segunda-feira, 18 de julho de 2011
A Herança
Neblina na Praia
O Sol está abrasador e eu quero ver o mar,
O mesmo mar que via quando era pequeno.
Estender a toalha na areia e ficar quieto a olhar
A magnificência do mesmo oceano ameno.
A tranquilidade traz paz de espírito
E eu tenho o meu tão em ruínas,
Por vezes grito calado a minha dor, aflito,
E o Sol vai-se embora e traz cinzentas neblinas.
Dia após dia, há uma letargia do sentir
Que me deixa prostrado e desanimado
E não há ninguém para descobrir,
Sinto-me esquecido e abandonado.
Mas eu vim ver o mar e, mesmo frio, mergulho.
Corro, molhado para a toalha na areia.
Ao longe ouço das ondas o barulho
E fico a cismar em uma qualquer ideia.
O que Quero
O Pensamento
O taxista passa os dias a guiar,
Tem sempre conversa para quem quiser prosear,
Liga o rádio na frequência dos fados
E ouve a Amália Rodrigues em cânticos desfiados.
O engraxador, no Rossio,
Os sapatos dos clientes põe a brilhar,
Faz contas á vida, pois deve dinheiro ao seu senhorio.
Engraxa os sapatos e pensa no que a mulher em casa estará a cozinhar.
O homem estátua passa horas estático,
As pessoas passam por ele e ficam a imaginar no que ele estará a pensar.
Eu também na cama parado fico
Em horas de tédio a olhar para o tecto e em enredos poético a congeminar.
"Penso, logo existo", como diz Descartes.
A comunicação do pensamento, o sorriso das crianças,
O quadro que vi numa galeria é pensamento transformado em arte.
Amigos
Ainda lembro a tua cara morena,
O teu cabelo e as expressões que fazias,
A tua estatura pequena,
E das brincadeiras parvas que rias.
Contigo os dias encurtavam,
As noites eram lentas,
Tudo era motivo de conversa.
Contigo no Norte e eu em Lisboa tínhamos as nossas tormentas.
Havia a magia da simplicidade quando nos encontrávamos
E juntos nos beijávamos.
Acabámos sem zangas e cada um seguiu o seu rumo,
Continuámos amigos, cada um com o seu futuro.
E é sempre um conforto ver-te de novo.
Ao ver-te a aldeia fica deserta, sem povo,
Eu, distante e sorumbático rendo-me ao teu sorriso
E contigo os meus fantasmas exorcizo.
Diário
São sete da manhã, já é dia,
As pessoas apressadas andam para chegar aos empregos a horas,
Eu tenho o emprego da sabedoria,
De transformar as palavras em rimas sonoras.
Não tenho salário, nem patrão,
A escrita é uma paixão.
Admiro quem passa nove horas num escritório,
E depois para casa vem, para o dormitório.
Não têm expressão nas caras,
Muito sérios e carrancudos,
Ganham dinheiro que é como para o agricultor a sua seara,
Têm marido ou mulher e filhos.
Eu tenho o ponteiro dos minutos, das horas que passam,
Tenho a chuva, o sol e o frio,
Ouço a minha oração dos dias, a minha canção.
Uma leve melodia assobio.
Sobrevivente
Na estrada da imaginação já me perdi,
Deixei que o ambiente tomasse conta de mim,
Deixei que pessoas me ferissem e sucumbi.
Tudo não passou de circunstância ruim.
Já estive muito doente,
Mas curei-me, segui em frente,
Não soube os anos aproveitar,
Quantos anos vivi como naufrago em frente ao mar.
Mas apesar do sarro da vida
Aprendi e curei a minha ferida,
Sou sobrevivente de maus tempos,
Mas ainda poderei viver bons momentos.
O Autocarro
Gosto de autocarros, de ver gente a sair e a entrar,
Do senhor que se levanta para a senhora idosa se sentar.
Gosto da diversidade de raças,
De sentir o calor humano das massas.
E apanho o autocarro e passeio,
Vou percorrendo Lisboa vendo pela vidraça a paisagem,
E se o autocarro muito tempo demora logo vem o meu anseio,
Mas quando vou de onde vivo até ao centro da cidade aprecio a viagem.
Também há o metropolitano,
Mas não gosto de lugares fechados, com janelas para o cinzento,
Gosto de me sentar num lugar e ficar como comum soberano,
Sento-me e fico a apreciar o fugaz momento.
O Senhor Doutor
A Felicidade
Reconstrói
Este sentimento que permanece
Que manchou com nódoas o meu casaco
Foi como me dessem um maço de tabaco
Para eu fumar e ver a cinza a desvanecer-se.
Acordo de manhã,
Faço a barba ao espelho,
O rosto vincado, vermelho,
Visto a minha camisa azul marinho
E vou pela rua do suor do destino.
Vou delirante e ensimesmado,
Tomo o meu café para ficar acordado.
Planejo, construo mapas mentais
E não me importo com a minha sorte,
O que não mata deixa mais forte.
E o dia é para ser vivido em pleno,
Pintar os muros e as ruas de vários tons,
E colher os frutos bons.
Separar o trigo do joio,
E o que estragares reconstrói.
domingo, 17 de julho de 2011
A Prostituta
O Suicídio
O Gato Maltês
Anda o sapo no charco a nadar,
A cegonha vai passeando.
O camponês anda no campo a sachar,
Enquanto o gato da velha senhora o vai observando.
O sapo coaxa no seu charco,
A cegonha bate com o bico fazendo barulho,
O camponês grita porque o almoço é parco,
O gato mia à velha senhora, ele é o seu orgulho.
O gato maltês é carinhoso, chama-se Pompom,
A Dona Inês trata-o como se um filho tratasse,
E o gato responde com um rom-rom.
A velha senhora é uma octogenária com posses e com a sua classe.
O gato, no seu instinto, rouba a comida ao camponês.
O pobre homem ao ver o saque vai atrás do gato para o bater.
A Dona Inês ao ver a caricata cena, abre a porta ao gato maltês.
O camponês ralha com a velha senhora porque o seu almoço o gato fez desaparecer.
"Mas todos os problemas têm solução", diz a senhora,
"Entre, sente-se e coma comigo um almoço que preparei e dá para duas pessoas",
O camponês, então, responde: "Aceito de bom grado, senhora Doutora".
A dona Inês serviu amêijoas à bulhão pato e o camponês depois de almoçar, retorquiu: "estavam muito boas".
O Nascimento
Cântico do Desespero
Este é um cântico do desespero, do sórdido, do ultrage,
Pois eu não sei quem sou ou o que faço.
Sou um ser que não reage
Preso que estou no meu ilusório cansaço.
Perdido na imensidão do mundo
Vagabundo,
Porque não sou um mortal comum?
Chego à conclusão que sou mais um rodeado de milhões de pessoas.
Agora que vejo as outras pessoas pela janela do mundo
Perco a fala e o ouvir,
Sou sempre o que chega em segundo,
Deixei-me pelo delírio possuir.
Em pleno Verão tenho frio de me sentir carente,
Tenho a angústia de ter o aparente como companheiro de alma.
Se ao menos fosse consistente...
Vivo as horas e dias com uma sórdida calma.
Não há flores no meu caminho, só pó de estrada e chuva.
Só ouço ruídos, sons desconexos sem sentido,
Como pessoa com miopia que vê tudo turvo,
Pelo tempo abatido.
Acabei por ceder ao tempo, esse substantivo que tem uma imensa força,
Pois o calendário é ditado com o nascimento de Cristo.
O meu tempo é fuga aos tigres pela corça,
O meu calendário é um mero registo.
Desejo
A Dança
Vozes negras cantando versos de magia,
Dançando nas miragens da inconsistência,
Serpenteando as coxas e as mãos em sintonia,
Inconsciente ia eu ao som da melodia.
A abundância de corpos que se abanavam,
As luzes a piscar nas suas ambivalências,
Os espelhos reflectiam imagens de deformação,
A pista de dança era um circulo de aparências.
Olhos esbugalhados, carnes que se abanam,
Música rouca e húmida que os ouvidos escutam,
A dança assemelha-se a uma luta,
Há gestos, mãos, pernas que se degladiam.
Uns observam, outros fazem da dança a sua canção.
Há decotes ousados, mãos que tocam,
Há bebida a jorros, amantes perdidos,
Eu calmo e sereno continuo na minha dança de infeliz solidão.
A Missa
Não por me sentir obrigado,
Dicotomia
Não tenho o condão de me descrever,
Se tento, não me sinto identificado.
Não sei qualificar o meu sofrer
Pois num dia tenho asas e sei voar e noutros sou ser flagelado.
Olho a imensa paisagem e tento descrever o que vejo,
Mas faltam-me palavras, não sou ser contemplativo.
Se sei voar, por vezes também rastejo,
Intenso e grandioso e outras vezes depressivo.
Há como que uma dicotomia no meu ser,
Sou tímido e reservado mas ousado e excêntrico também.
Apagado, a mitigar uma dor ou centelha a arder,
Dou-me generoso às pessoas, mas, por vezes, dou o meu desdém.
Há uma força incutida no meu peito
Que tem tristeza, desolação e gargalhadas e sorrisos vários,
Com estes vou vivendo a meu jeito,
São conceitos, verdades, ideias que resistem no meu calvário.
sábado, 16 de julho de 2011
O poema
A Mulher
Sou amante,
Um raio de luz vem-me acordar,
De olhos semicerrados vejo uma forma ao longe,
É uma linda mulher.
Caminho para a figura.
Cada vez mais longe estou.
A luz tornou-se escura,
Mas ainda vejo a bonita mulher no dia que ainda não findou.
Caminho a passos largos,
Quero alcançá-la.
Tenho a vaga noção que ela pode ser a mulher da minha vida,
Com ela a vida torna-se-ia mais comprida.
E eu sem luz que me alumie,
Corro para chegar mais perto.
Ofegante e a transpirar
Não olho para trás,
Tenho um longo caminho a trilhar.
Quando vou finalmente conhecer tal figura
Um demónio me aparece
E diz-me que como ela há muitas no mundo e que ainda não chegou a minha hora.
Blasfemo e digo: "vai te embora satanás!"
Mas a mulher ao ver-me
Foge sem deixar rasto.
No caminho está um bilhete que diz:
"O teu caminho é longo,
Cura as tuas mágoas, sara as tuas feridas,
Que quando o tempo chegar serei a tua prometida".
A Flor do meu Drama
Surge quando visto pijama
Fico sem sono na cama
Com pensar nublado sem saber quem me ama.
Gostaria de viver um intenso amor,
Com cenas de sexo intenso,
Na minha face há um leve rubor.
Mas a minha timidez faz que tudo fique em suspenso.
Há pessoas que conseguem seduzir,
Conquistar a sua amada,
Eu amuo e esboço um sorrir,
Sem resposta, observo uma figura esbelta e calada.
A história de Romeu e Julieta é cúmulo de paixão
O amor que termina em morte.
Eu morto ando sem amor e sem solução,
A minha vida é um fado sem mágica sorte.
Longe vão os tempos de paixão louca
Uma carícia que durava uma eternidade
A ânsia fremente de beijar uma boca
Revivo tudo isto agora com uma sentida saudade.
Deixei de lado as ilusões passageiras do amor
O tédio e o peso da idade já não me dão calor
Visto o pijama, deito-me e embrulho-me no meu áspero cobertor.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Os Assassinos
Ainda lembro a noite do meu perecer,
Era noite, havia pessoas e cumplicidade no ar,
Eu, ausente e presente no meu mundo de cor neutra.
Aceitei o jogo cego que se me apresentou.
De um trago bebi de um copo o esquecimento e foi como um punhal dilacerasse a minha alma.
Bebi o veneno letal e depois houve rituais de folclore disfarçado de opulência, dançares e questionares do que é puro e sadio.
E questionaram o meu nome e disseram os deles como se renascesse ali uma nova identidade que perdi para sempre.
Depois houve enganos e frases tontas,
Ditos jocosos a humilhar a minha nova condição de ser alheio a tudo e todos.
Eu zonzo da música e da inocência que resvalava em som de zumbidos e cabelos soltos a dizerem que não e olhares distantes que se tornavam próximos...
Os nomes, quem sou eu?
Tudo num misto de nevoeiro denso.
Sentei-me perto de uma curva de estrada ficando a observar os carros que se afastavam...
A noite escura e eu lívido sem noção do que era noite e que havia estrelas e que havia céu...
Eles partiram eu fiquei a digerir o veneno que pouco a pouco foi fazendo subtilmente o seu efeito.
O desprezo, a humilhação, os dias que passavam e eu cada vez mais díspar da realidade.
Nesse dia chorei, lágrimas de dias e anos.
Foi a noite cruel dos assassinos.
Actor
quinta-feira, 14 de julho de 2011
A Folha em Branco
quarta-feira, 15 de junho de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Sonhar
É animar o convívio de eterna esperança.
Compôr uma melodia em tom romântico
É ser depois de tudo choro vazio,
Concerto circular sem orquestra.
Lágrima que escorre, lenço que limpa,
Pesada missão que me encaminha.
Visto a preceito o sobretudo,
Sou alguem que sofre o peso da virtude.
Alheio-me de corpo, esvazio o tempo.
Não sofrer? Fiéis ao ser?
A vida é o meu eterno lamento.
domingo, 1 de maio de 2011
Mãe
E a todos tu os suavizas com um leve fechar de olhos.
És tu que todas as noites me aconchegas o cobertor e dizes: “dorme bem”,
Mesmo sem o fazer...
Mãe ainda sinto falta do teu colo
E o chorar do bebé do 6º andar do prédio sou eu.
Mãe, ainda sou eu que como a sopa toda por obediência,
E come todos os legumes, sem os pôr de lado no prato,
Foste tu que me ensinaste que há gente que sofre por nada ter.
Eu tenho o meu imenso amor por ti,
Materna carícia no meu mais saturado sofrer.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Dor
Ausência de tudo e restos de dor que se arrasta moendo levemente a sanidade que ficou...
Por vezes páro este som mudo da minha cabeça inútil para pensar e então pasmo e sofro muito e recupero e digo que não, não é tanto assim, amanhã pensarei doutra forma... mas acabo sempre por voltar a este pensar torturante que não é choro, não é físico, não é nada
Não sei, é sempre a conclusão a que chego, não me encontro, justifico.
Este tempo que passa nada é e eu nada sou.
Talvez tenha perdido o dom de me emocionar e assim encaro tudo como habituação mórbida.
Som roufenho entranhado nas células cinzentas da sociedade.
Prece
Leveza ensimesmada,
Um pouco que diga a justiça de ser feliz.
Querer avassalador de cumprir
O eterno ritual da renovação.
A conquista triunfante da virtude que reside em nós,
Faz mexer a intuição, o sentido, a vida.
Sofrer o ritual na pele, a fé move montanhas,
A solidão invade-me, dela não posso escapar.
Trago comigo a tranquilidade do sonho,
Comigo no eterno mistério da comunhão com Deus.
Deixo-me envolver em segredo no mundano,
Haste de espinhos, flor desfolhada,
Barba feita, roupa lavada,
Prece esquecida, por mim recordada.
Terço
Terço à luz de candeias desfiado,
A inocência de olhar matizado,
O sono destroçado.
Melancólica cadência,
O relógio do deserto.
O consolo em sofrimento.
A luz divina, por vezes, é subtil sombra,
Assim, como vitral em dia cinzento.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Poeta
A espera,
O ouvir a voz,
O relógio do deserto.
Viver esparso.
Solidão,
Ruas, calçadas, travessas,
Figuras geométricas.
Ser a eterna juventude de alma de poeta.
Dispersos
A comédia encenada por um adeus.
Jogos intermináveis de cartas sem naipe.
O ponto que se engana na deixa de um actor.
Amantes murmurando sons de beijos cansados.
O signo a torturar um destino sem rumo.
Vozes de crianças adolescentes,
A ambição por um eu distante.
Estrada sem Rumo
Ébrio de pensamentos e ilusões.
Passo após passo numa estrada longa, sem rumo.
Uma vida de obstáculos e provações.
Ao menos alguém parasse esta vontade de infinito.
Aproxima-se a noite dos silêncios distantes.
Dispo a minha roupa de herói ferido em combate
E fico só,
Refém de um sonho ausente.
Letras
Só letras sem ordem nem contexto.
Tirar de vez o sentido ao mistério das palavras
E criar sequências ilógicas de um sentido que não existe.
sexta-feira, 25 de março de 2011
O Sono e o Sonho
Os sonhos esquecidos são manhãs de nevoeiro,
A noite magnifica o ser em repouso triste e só.
Acordo de olhos enublados, cansados, nús de sentimento,
E o corpo lento, sonâmbulo...
sábado, 19 de março de 2011
Incertezas
Uma ordem fora de contexto,
Um verso que não rima,
A crença num futuro próximo.
Detectives da mente sem resultados.
Sentenças pronunciadas com base no engano.
Os senhores das grandes palavras,
Ou os vultos que não deixam marcas confessáveis.
Salário, vencimento, contrato a prazo, desilusão,
Dicionário decassilábico de gente sem razão.
A Escrita
Poderia teatrealizar-me em versos de fino recorte.
A escrita que me invade não obedece a rituais.
Posso falar da fé,
Posso falar porventura deste anseio que me persegue,
Posso falar de mim... Triste sorte.
Poderei falar ou não falar.
A escrita é livre e solta,
São letras soltas que comovem os olhos dos leitores.
O pensamento, a emoção das palavras.
O escritor encena-nos,
O escritor conta uma história ao leitor.
A escrita somos nós e o enredo,
Dizem horrores ou sofrimentos,
Dizem deste anseio que é o absurdo da nossa vida de trabalho,
Um quotidiano de trabalhar para viver,
Uma casa por amortizar ou uma criança a crescer.
A escrita faz-nos patetas ou tristes.
Eu sou a escrita do sentimento alheio, do momento que passa,
O entardecer ou amanhecer,
Sou o nocturno,a orquestra.
Sou o verso oculto maldito.
Ou talvez algo mais,
Ou talvez alguem com certa disposição por algo mais fácil,
Domingueiro como dita a tradição ancestral.
Escuto os conselhos dos outros e fico só,
Só e temente a Deus.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Reticências
Sôfregas crenças,
Futuro feito de reticências.
O vazio de ser estatística derrotista
Numa mente cansada e saudosista.
Vou deambulando sem rumo certo
Apalpando, às cegas, por um caminho
Que me traga esperança e vontade
De seguir o meu misterioso destino.