domingo, 31 de março de 2013

Sempre que Tento


Sempre que tento, falho.
Sempre que acordo com alguma ideia, teoria ou conspiração
Deixo o pensamento amainar em negação .

Quando vou, paro estático.
A confusão é constante,
A realidade delirante,
E se agora irradio uma esfuziante alegria incontida,
Em outro momento ignoro-me em horas de tédio, 
Sonâmbulo...

Sofro horrores,
Confesso as minhas mágoas ao vento,
E ele deixa-as ir,
Uma a uma, 
Por cima de casas, árvores e mar,
Voam para longe.
E eu, 
Contemplativo, 
Fico mais eu,
Tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo de mim.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Fado


Uma melodia que traz consigo saudade.
O ritmo pausado, 
Acordes de guitarra portuguesa.
O traje negro é,
Tal como a música, 
Um viúvo chorando diante a imagem da sua amada.

Uma voz em jeito de se perder...
Versos soltos, delicados
Fazem o mundo comover-se 
Ao escutar tão solene cantar soluçado.

Há no fado
Uma singular melancolia
Que, mesmo parecendo distante e só,
Carrega em si um peso de intensa tradição, magia.


terça-feira, 5 de março de 2013

Os Dias


Quando chegar o dia sei que vou estar distraído
A olhar a Lua, a contemplar o céu.
Talvez a meditar,
Esquecido,
Em qualquer sentimento do ser ou do estar.

Quando chegar a hora estarei a olhar o abstracto,
A pensar em causas e consequências,
Em coisas vãs ou coisas trágicas.

O momento que tem que acontecer
É luz que desvanece em olhos que não vêem,
Sonho reminescente,
Nú de realidade...

Os dias dos meses ou da semana, 
As horas do dia e da noite
São inconsciente existência
De não possuir um sentido de pertença.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Caminho


Sigo sempre em frente,
Não vou desistir.
Abstraio-me de pessoas, céu ou sons da cidade,
O caminho faz-se a andar tal como peregrinos em busca de fé.

Ouço a intuição, 
A voz do coração.
Esqueço o sofrimento que jaz em minha alma.
Só posso contar comigo, nesta longa jornada. 
O passado foi dura batalha.
As mazelas curam-se aos poucos,
Lentamente...

O pensamento é circular, perpendicular,
Infinito labirinto,
Beco sem saída.
Mas não vou ceder,
Sou somente eu,
Livre de conflitos ou ilusões.
Como é difícil acordar lúcido
Em tão factuais e frias manhãs de realidade.

Sonho

Sim, eu...
Não te esqueças que sou sempre eu
Que todas as noites se transforma em sombras do passado...
E que sempre fecha a janela ao mundo exterior,
E se deixa adormecer ao ensurdecedor momento
Em que tudo é e continuará ilusório, vago e ancestral.

Esquecimento

A tua breve e tardia carícia,
Repousa agora em minha sombria memória.
O que poderia ter sido possível,
Provavelmente não passará de recordação esquecida
Dia nublado de mais uma tarde em Lisboa.

Em ondas, montanhas e nuvens,
Os meus olhos vagueiam.
O frio da paisagem é,
Numa fotografia de ontem,
Tudo o que conservo de meu.
O abandono também me pertence...

Tudo o que é noite,
Tudo o que é real,
Esqueço a cada gesto,
Em cada ruga do meu rosto.