Foste embora, nada restou,
Um caminho de gestos, um coração latejando em obscuridade,
Os rostos desfeitos, um corpo que mexe em desnível,
Na noite dos uivos vejo a lua
E medito em palavras que não pronuncio,
Não vejo e não sinto
Como pedra ou objecto, brinquedo
Ou jogo cego de sinais distantes,
Não esqueço a noite
E mergulho em sono de bafio,
Sono demorado e um dia igual de rotina,
Um carro passa e caminho em cores que murmuro,
A emoção transpira pelo sonho
E somo derrotas, subtraio animais em jaulas,
Faço contas num papel que desaparece
E tacteando o susto de eu ser outro
Desapareço na ambiguidade de olfacto
E presumir a dança das palavras
Que tanto me dizem como um cigarro que fumo
Na ansiedade e angustia de acto de loucura,
O corpo resiste eu não,
Luz que queima conceitos
E percorro a cidade de manhã à noite na impaciência de nada,
Leio a história de cafés que são memórias de acordar os olhos
Que custam o pensar,
Quanto custa o acordar dos olhos?
Quanto custa imaginar o símbolo oculto de paz
Que resiste ao mar de calma?
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