quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Acordar de Olhos

Foste embora, nada restou,
Um caminho de gestos, um coração latejando em obscuridade,
Os rostos desfeitos, um corpo que mexe em desnível,
Na noite dos uivos vejo a lua 
E medito em palavras que não pronuncio,
Não vejo e não sinto
Como pedra ou objecto, brinquedo
Ou jogo cego de sinais distantes,
Não esqueço a noite
E mergulho em sono de bafio,
Sono demorado e um dia igual de rotina,
Um carro passa e caminho em cores que murmuro,
A emoção transpira pelo sonho
E somo derrotas, subtraio animais em jaulas,
Faço contas num papel que desaparece
E tacteando o susto de eu ser outro
Desapareço na ambiguidade de olfacto
E presumir a dança das palavras
Que tanto me dizem como um cigarro que fumo
Na ansiedade e angustia de acto de loucura,
O corpo resiste eu não,
Luz que queima conceitos
E percorro a cidade de manhã à noite na impaciência de nada,
Leio a história de cafés que são memórias de acordar os olhos
Que custam o pensar,
Quanto custa o acordar dos olhos?
Quanto custa imaginar o símbolo oculto de paz
Que resiste ao mar de calma?

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