quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Mentira

Na minha cabeça ergue-se o Sol,
As paredes de grafittis dão pistas ao deambular esvaecido e anónimo,
Há muito que aqui estou perdido e encontrado,
A cidade é incerta e respira como um asmático,
Os meus amigos sorriem em imagens e olho um contentor de lixo,
Difícil arrancar o ritmo, arranjar o som de uma janela fechada com um gato que espera,
Perdi o vício e só de monotonia me arrasto,
Lamentos de jaulas em Verões de Outonos em Paris,
Desde que fugiram as palavras dos livros de filosofia,
Kant e Marx fizeram queixas de máscaras
Em redor de utopias sem razão,
Por vezes lavo livros numa bacia com detergente,
As células, há frases e conceitos
Que são lavados no meu pensamento,
A erva da manhã precisa ser aparada nos sentidos ainda sonâmbulos de placidez
E a imitação desordenada de momentos
É como intriga de cama por fazer numa pensão paga à hora,
Talvez desista de transformar, de regenerar,
O pólen e os ponteiros do relógio são a metáfora da simbiose,
A mentira ainda caminha veloz e não há tempo real em meus sentidos.

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