Na solidão impune minha mão leve e planetária
Ama o gesto acariciando rosas e bandolins,
Num dia sofri o desnível de ser tudo o que sou,
Noutro adormeci os anos de sono que só eu percebo,
A angústia é a mensagem num envelope sem remetente,
Sem endereço, escasseia a definição e os juízos e símbolos tacanhos,
Não quero os estereótipos, nem bandeiras, nem o bem ou mal,
Nem desenhos de minha face na podridão da noite calada
Que empurro, esmurro, esventro-me e contenho o delírio de enredo
De a fantasia ser uma cor ou uma flor ou um percurso indecifrável
No verso de manhã num café, numa esplanada,
Nas motas que passeiam,
Nos afectos escolhidos como trigo numa eira sem beira,
Numa ausência de corpo por sentir frio e desgosto
Por tudo o que não disse
E sinto que a aritmética, a fonética, as melodias, as lições
E todos os rituais são uma vassoura que varre conteúdos
Para debaixo de um tapete que nada transmite,
Apenas esconde.
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